Porque o meu gato está a tossir? Devo preocupar-me?

Porque o seu gato está a tossir, deve preocupar-se?

Tal como os humanos, também os gatos tossem de vez em quando, sem que isso signifique que esteja doente. A tosse é simplesmente um reflexo que ajuda o corpo a limpar o material “estranho” do trato respiratório. A tosse acontece quando algo irrita os “recetores da tosse” que revestem a faringe (a área atrás do nariz e da boca), a laringe (caixa de voz), a traqueia (tubo respiratório) e as vias respiratórias mais pequenas (brônquios).

Uma tosse pouco frequente não é geralmente motivo de preocupação num gato saudável. Deve estar atento e procurar um veterinário online ou presencial se o seu gato apresentar tosse crónica e persistente (com uma duração de semanas a meses) ou associada a outros sintomas (dificuldade em respirar, respirar de boca aberta, mudança da cor das mucosas na boca – em vez da cor rosada, ter uma cor mais acinzentada).

O diagnóstico e o tratamento precoce são essenciais para uma recuperação rápida!

Quais as causas de tosse no seu gato?

A lista de possíveis causas para a tosse de um gato é longa, mas às vezes o problema pode ser óbvio. Deixamos aqui algumas causas mais comuns:
– Areia nova: Comprou uma areia nova para gatos que é especialmente poeirenta, ou com um odor diferente, e agora o seu gato tem um ataque de tosse enquanto está na caixa de areia? Quando inalados, os irritantes de qualquer tipo podem provocar tosse.
– Fumo passivo: A tosse mais persistente do gato pode ser causada pela exposição prolongada a substâncias irritantes, como o fumo passivo. Não deve fumar na mesma divisão que o seu gato.
– Infeções respiratórias: As infeções respiratórias bacterianas e virais são causas comuns de tosse nos gatos. Ocasionalmente, podem estar envolvidos organismos fúngicos ou parasitários.
– Asma: Os gatos com asma sofrem de estreitamento das vias respiratórias, inchaço das vias respiratórias e acumulação de muco em resposta a determinados alergénios, o que pode levar à tosse.
– Derrame pleural: Trata-se de uma acumulação anormal de líquido à volta dos pulmões de um gato que pode provocar tosse.
– Objetos estranhos inalados: Quando materiais estranhos como comida ou pedaços de relva são inalados, o gato tosse para os tentar expelir.
– Cancro: A tosse pode ser um dos primeiros sintomas que os tutores notam quando um gato tem cancro que afeta o trato respiratório.
– Trauma: Lesões físicas, químicas ou térmicas no trato respiratório podem causar tosse no gato.
– “Verme do coração” (dirofilariose): Os sinais em gatos da presença deste parasita, que se aloja no coração, podem ser subtis e podem incluir tosse.
– As doenças cardíacas provocam frequentemente tosse nas pessoas e nos cães, mas não é esse o caso dos gatos. Os gatos que tossem têm quase sempre algum tipo de problema respiratório.

Como é que o veterinário vai identificar a causa de tosse no seu gato?

Os veterinários diagnosticam a causa da tosse do gato usando a história clínica completa, o exame físico e testes de diagnóstico complementares.

História clínica completa

A história do seu animal, vai permitir ao veterinário conhecer o ambiente em que o seu gato vive, as mudanças ambientais recentes, a que tipo de “perigos” e/ou alergénios está potencialmente exposto, o seu estado vacinal e de desparasitação, o seu historial médico e cirúrgico, que sintomas estão presentes além daqueles que o tutor descreve, entre outros, de forma a guiá-lo para o diagnóstico final.

Se o seu gato apresenta uma “tosse húmida”, isto é, uma tosse com muco e expetoração associados, geralmente a presença de muco espesso é sinónimo de uma inflamação/infeção do trato respiratório. O aumento da produção de muco é um mecanismo de defesa que ajuda o corpo a eliminar vírus, bactérias e outros materiais dos pulmões.

Se o seu gato apresenta uma tosse seca, isto é uma tosse irritativa, sem muco ou expetoração associados, geralmente está associada a doenças alérgicas, como a asma, à inalação de corpos estranhos (numa fase inicial) e cancro (numa fase inicial).

Estas distinções não são rígidas, e dependem também de muitos outros fatores, como por exemplo, há quanto tempo é que o seu gato começou a tossir. Mas a distinção entre estes dois tipos de tosse, vai ajudar o veterinário a direcionar-se para um diagnóstico final.

Muito importante, são ainda os outros sintomas que o seu gato pode apresentar em combinação com a tosse, que vão também ajudar o médico veterinário a perceber qual o(s) órgão(s) do aparelho respiratório que está afetado. Por exemplo:

– Tosse e espirros: Associados frequentemente a uma infeção respiratória do trato superior em gatos, isto é, cavidade nasal, faringe e/ou laringe. A infeção da cavidade nasal leva a espirros e a corrimentos nasais (“ranho”), mas parte desta descarga flui de volta para a garganta, produzindo uma tosse.
– Tosse e pieira: A pieira é um sinal clássico de asma em gatos e é frequentemente observado em combinação com tosse e respiração difícil, rápida ou de boca aberta.
– “Tosse” seguida de bolas de pelo: Quando a “tosse” de um gato é seguida da expulsão de uma bola de pelo, provavelmente não está a lidar com uma tosse verdadeira. Embora pareça que seu gato está a tossir, ele está na realidade a vomitar ou a regurgitar, já que a bola de pelo está a subir pelo trato digestivo, não pelo trato respiratório.

Exame Físico

No exame físico do seu gato é crucial uma auscultação cuidadosa de todo o trato respiratório, para identificar a presença de sons característicos do estreitamento das vias aéreas (traqueia, brônquios), da presença de líquido nos pulmões, da presença de sopros cardíacos, da presença de sons pulmonares e cardíacos “abafados”, entre outros, avaliar a qualidade e o tipo de respiração do seu animal, a frequência respiratória, o esforço respiratório, a cor das mucosas, a temperatura, entre outros.

Os achados do exame físico em conjunto com a história clínica completa vão permitir selecionar o(s) exame(s) diagnóstico(s) complementar(es) a realizar no seu gato.

Exames diagnósticos complementares

O diagnóstico das doenças do trato respiratório pode muitas vezes ser um desafio e também dispendioso para os tutores. Para um diagnóstico das doenças do trato respiratório há vários exames diagnósticos complementares que devem ser realizados, mediante o órgão do trato respiratório afetado, como por exemplo:
– Radiografias;
– Análises sanguíneas e de urina;
– Tomografia computadorizada;
– Ressonância magnética;
– Broncoscopia;
– Lavagem broncoalveolar;
-….

Qual é o tratamento mais indicado para a tosse no seu gato?

É muito importante que os tutores percebam que o tratamento ideal é aquele que é dirigido para a causa primária da tosse. Mas na ausência de um diagnóstico final, quer por restrição financeira ou inacessibilidade aos métodos de diagnóstico complementares, o tratamento deve ser dirigido para o alívio dos sintomas e para as possíveis causas.

Seguem alguns exemplos de tratamento para as causas mais comuns de doenças do trato respiratório no gato:
– Irritantes: Uma tosse causada pela inalação de um irritante desaparecerá quando os irritantes forem removidos do ambiente do gato (exemplo: areia do gato, fumo).
– Infeções respiratórias: Quando detetadas precocemente, a maioria das infeções bacterianas, víricas, fúngicas e parasitárias desaparecem quando o gato recebe medicamentos antimicrobianos (antibióticos, antiparasitários, etc.) adequados. Os medicamentos antivirais são menos frequentemente prescritos, mas são úteis em algumas circunstâncias.
– Asma: O tratamento da asma felina envolve a remoção de potenciais fatores “alérgicos” do ambiente do gato e a administração de medicamentos por inalação (câmaras expansoras) ou sistémicos para dilatar as vias respiratórias e reduzir a inflamação.
– Derrame pleural: O líquido que se acumula à volta dos pulmões de um gato pode ser removido com uma agulha e uma seringa, mas por vezes é necessário tratamento adicional para tratar a origem do líquido e/ou evitar que se acumule novamente.
– Objetos estranhos inalados: Pode ser necessária uma broncoscopia ou cirurgia para remover objetos inalados, e são frequentemente administrados antibióticos para prevenir ou tratar infeções secundárias.
– Cancro: O cancro que afeta o trato respiratório é geralmente tratado com quimioterapia, radioterapia, cirurgia, imunoterapia e/ou cuidados paliativos.
– Dirofilariose: A prevenção da dirofilariose é vital para os gatos porque, quando o seu gato é infetado com dirofilariose, as opções de tratamento para a dirofilariose felina são limitadas.

Em casos mais graves é geralmente necessário realizar terapia de suporte, que requer o internamento do seu gato, como por exemplo: terapia com fluidos endovenosos, administração de oxigénio, administração de diuréticos, entre outros. Os supressores de tosse raramente são administrados a gatos.

Como pode ajudar o seu gato em casa?

Em casa, é muito importante que mantenha o seu animal higienizado, através da limpeza regular das narinas, removendo com regularidade o corrimento nasal acumulado, com recurso a uma compressa com soro fisiológico.

Deve ainda ajudar o seu gato, mantendo as vias aéreas húmidas (hidratas) e descongestionadas, colocando o seu gato numa casa de banho com vapores quentes ou recorrendo a um nebulizador e colocando o seu gato num transportador fechado, com uma toalha a cobrir (só e apenas quando o seu veterinário o recomendar).

Os gatos podem “apanhar” tosse do canil de cães?

Nos cães, a infeção por uma variedade de bactérias e vírus pode levar à tosse do canil: Bordetella bronchiseptica, Mycoplasma, vírus parainfluenza, adenovírus tipo 2, coronavírus canino e outros podem ser os culpados, sozinhos ou em combinação.

Os gatos são suscetíveis a alguns destes agentes patogénicos, como a Bordetella bronchiseptica, mas não a outros. No entanto, para evitar uma possível propagação, qualquer animal de estimação que esteja a espirrar, a tossir e que tenha corrimento nos olhos ou no nariz deve ser isolado de outros animais de estimação e examinado por um veterinário.

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A Equipa Gandhivet